Sentir dores durante a relação sexual é normal?
Apesar de ser uma queixa muito comum entre as mulheres, temas envolvendo a sexualidade feminina ainda são considerados tabus. E por isso, muitas ainda têm dúvidas em relação ao que é mito e o que é realmente verdade em relação ao próprio corpo. Mas saiba que sentir dores não é normal. O corpo da mulher, através dos estímulos necessários, reage e se modifica para que a prática sexual seja prazerosa e nunca dolorosa! Entenda o que influencia a resposta sexual feminina: A resposta sexual é dividida em 4 fases sendo influenciada por aspectos sociais, físicos, emocionais, ou seja, tem a ver com N fatores como: o momento, o local, o parceiro, o estado físico e até o psicológico da mulher. Fase 1 - Desejo: estímulos como pensamento, fantasia e tato Fase 2 - Excitação: resposta do corpo da mulher aos estímulos, nesta fase ocorre a ereção dos mamilos, aumento do fluxo sanguíneo, espasmos involuntários, aumento da frequência cardíaca, lubrificação e dilatação da vagina Fase 3 - Orgasmo: ápice do nível de tensão sexual, pode ou não ocorrer Fase 4 - Resolução: retorno do corpo ao estado físico e emocional
Diferente dos homens, as mulheres precisam de mais tempo para entrar nas fases 1 e 2, isso é, as fases de desejo e excitação. Nesse momento, a dica mais valiosa é não faça se não estiver afim! Sexo é uma troca e não uma obrigação! Preliminares: São elas que irão desencadear as respostas necessárias e a facilidade de penetração sexual. Aposte nas preliminares! Os estudos mostram que a cada 15 minutos de estimulação sexual, lubrificamos 07,ml. Quanto maior o fluxo de sangue na região, maior a lubrificação, maior a sensibilidade e mais prazeroso será a relação sexual! Mas, se mesmo após todos os estímulos preliminares não der certo, não continue! O seu corpo ficará tenso e consequentemente os músculos da vagina também ficarão, gerando contração e consequentemente dor e insatisfação, não só para você mas também para o seu parceiro. Respeite o seu momento! Qualquer alteração durante essas respostas pode determinar a ocorrência de dor ou desconfortos, chamadas de disfunções sexuais. A OMS reconhece as disfunções sexuais como um problema de saúde pública e que devem ser investigadas por profissionais da área da saúde. Existem dois tipos de dores: Dispareunia: Dor no fundo do útero ou em algum ponto sensível após a penetração. Fatores como endometriose, mioma uterino, cistite, infecções, etc. Vaginismo: Contração involuntária da musculatura que impede a relação sexual. Assim como qualquer outro músculo que contrai em situações de estresse e medo, a vagina se contrai de forma involuntária, como forma de proteção, o medo pode ser decorrente de algum processo cirúrgico, trauma sexual, dor pré-menstrual ou por rigidez da musculatura perineal. O vaginismo pode criar uma barreira e impede até os exames ginecológicos de rotina e a introdução de absorvente interno. Para melhorar a vida sexual: 1. Autoconhecimento! Conheça mais sobre o seu corpo, do que você gosta e o que te traz prazer. A prática de atividade física regularmente tem influência positiva na disposição, autoestima, melhora do bem-estar e da qualidade de vida, principalmente quando realizada com prazer e satisfação. Estudos têm demonstrado a eficácia de aumentar a conscientização dos músculos do assoalho pélvico e fortalecê-los para alterar positivamente a qualidade de vida sexual feminina, a autoimagem, a receptividade e o desempenho sexual.
2. Autoconfiança, sem julgamentos! É importante entender que a autoestima e autoconfiança dependem de diversos fatores, como história de vida, ambiente, como a pessoa lida com sua aparência e consigo, etc. Escolha um local adequado para que você não se incomode com estímulo externos durante o sexo, gerando ansiedade e estresse. Além da percepção física, observe como é a aceitação da sua sexualidade, relaxe durante as preliminares sem julgamentos sociais e culturais, isso influencia totalmente na sua capacidade de entrega. Entenda que a sexualidade faz parte do corpo feminino, é parte integrante de seus direitos sexuais e da sua qualidade de vida, importante não só para a reprodução, mas também para a longevidade de suas relações afetivas e prazerosas, além de fazer parte de sua saúde e bem-estar.
3. Converse com o seu parceiro! Pesquisas mostram que uma boa comunicação e relacionamento com o parceiro são essenciais. A comunicação e compreensão mútua permitem orientar as suas preferências ao companheiro, melhorar a conexão e obter maior prazer na relação. E, claro, caso tenha dores na relação, não hesite em procurar ajuda e nunca deixe que isso impeça que você tenha um bom relacionamento com o seu corpo! . Busque o tratamento adequado através de profissionais especialistas que possam te dar o suporte e a orientação necessária. Em casos de vaginismo é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com médicos, psicólogos e fisioterapeutas. Renata Luri, fisioterapeuta doutorada da Clínica La Posture
Juliana Satake, fisioterapeuta especialzada pelo Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) - UNICAMP
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