A temperatura baixou e um movimento mais intenso já pode ser observado nas clínicas de fisioterapia e consultórios médicos. As pessoas passam a se queixar mais de desconfortos e procuram por tratamento. No frio, as pessoas tendem a ficar mais tensionadas e em postura "encolhida", a preguiça de sair de casa fica maior na mesma medida que a frequência daquela promessa de fazer exercícios diminui.
"Aqui na clínica aumentou o número de novos pacientes se queixando de dores no corpo. E os que já estavam em tratamento passaram a relatar a piora da evolução do quadro de dor", relata a fisioterapeuta pela Unifesp Juliana Satake.
Coincidência? Definitivamente, não. Ela explica que com as baixas temperaturas sabiamente o corpo humano realiza a contração de forma involuntária da musculatura e dos vasos sanguíneos para garantir o aquecimento adequado. Além disso, alguns pesquisadores sugerem que no frio há a alteração das propriedades físicas de líquidos responsáveis pela função e manutenção de movimentos.
Você irá se identificar com algumas das frases mais ouvidas no consultório. Qual seu caso?
1. "Estava muito frio durante o jogo, levei uma paulistinha e a dor dessa vez foi muito pior"
Uma pancada em uma musculatura contraída pode levar a uma lesão mais extensa do que se a musculatura estivesse relaxada. Além disso, há teorias que relatam que a sensibilidade de terminações nervosas de dor fica maior.
2. "Na musculação, movimentos que eu estava acostumado a fazer começaram a doer"
No frio, já estamos contraídos naturalmente o que pode gerar mais fadiga. Além disso, alguns estudos relatam também alteração das características do líquido intramuscular, o que não permite a mesma qualidade de deslizamento de fibras para gerar a contração. A fisioterapeuta orienta que temos que nos atentar ainda mais ao realizar os movimentos, se já estamos contraídos sem colocar carga, ao colocarmos carga extra as pessoas tendem a "compensar" os movimentos e realizá-los de forma que prejudiquem a postura.
3. "Meu joelho dói no inverno ou quando a temperatura muda"
O líquido responsável por lubrificar a articulação fica mais denso com o esfriamento do corpo, o que pode prejudicar movimentos e provocar mais incômodo. Mas ainda não há um consenso científico a respeito. A dor na maioria dos casos se relaciona com a contração da musculatura e dos vasos sanguíneos e com o aumento da sensibilidade. A inatividade física também é apontada como uma vilã nessa estação.
4."Fico com preguiça e me sinto deprimida no frio. Não faço exercícios porque me sinto desmotivado" Alguns estudos se dedicam a investigar o impacto do frio e das estações no aspecto emocional. O que se sabe é que a atividade física por ser um regulador hormonal e de neurotransmissores pode trazer equilíbrio físico e, principalmente, emocional.
Dicas para diminuir a dor na estação mais fria do ano
1. O uso de roupas adequadas para treinar
A perda de calor diminui a oferta de oxigênio para os tecidos, dificultando a agilidade e a potência da musculatura. Fique atento com as extremidades como as mãos, os pés e a cabeça, que precisam de aquecimento extra.
2. Adeus, sedentarismo
Um programa de atividades físicas específicas quando o tempo estiver frio otimiza a irrigação sanguínea, além de aumentar a mobilidade. O ideal é procurar atividades que mobilizem as articulações. Caso sinta dor em uma região do joelho, foque em exercícios que trabalhem os músculos próximos da articulação afetada, sem impactos.
3.Fisioterapia e laserterapia
Além dos exercícios específicos de fisioterapia, o tratamento com o auxílio da tecnologia se mostra eficaz para tratar as dores e lesões com mais eficiência. Há o aumento do metabolismo diretamente na pele e no ponto doloroso onde as terminações nervosas ficam mais sensíveis.
4. É importante não confundir a dor e a rigidez muscular com a dor de inflamação da articulação ou de uma lesão
Nesses casos, o mais indicado é procurar orientação médica. Não há ainda um consenso de que a inflamação se intensifique ou de que a lubrificação das articulações seja prejudicada, mas os estudos apontam que a percepção individual ao frio pode impactar de forma diferente cada um de nós.