Na gestação, você sabia que o sistema respiratório é um dos que mais passa por alterações?
As principais modificações do sistema respiratório:
Alterações anatômicas: Conforme o útero se expande, ele empurra e desloca o diafragma para cima aumentando a circunferência torácica e diminuindo a mobilidade pulmonar, por isso, é muito comum que as gestantes sintam falta de ar - dispnéia - principalmente entre o segundo e terceiro trimestres gestacionais.
Alterações hormonais no estrogênio e progesterona:
- O estrogênio causa hiperemia, hipersecreção e edema - inchaço. Tente reparar, é muito comum a voz ficar fanha e o nariz edemaciado
- A progesterona leva ao aumento da PaO2 (a quantidade de moléculas de oxigênio dissolvidas no sangue) e diminuição da pCO2 (a quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvidas no sangue) por ajuste de quimiorreceptores. Ainda que a frequência respiratória permaneça igual, isso é, o ritmo de vezes que a gestante inspira e expira, a gravidez está associada à hiperventilação pelo aumento da demanda de oxigênio do bebê em crescimento
3. Peso do útero: Quando a mulher deita de barriga para cima pode ocorrer a compressão sobre a veia cava, responsável pelo retorno do sangue dos membros para o coração. Por isso, gestantes são orientadas a dormir em decúbito lateral esquerdo (sempre de deitada do lado esquerdo)
Técnicas respiratórias da fisioterapia para alívio dos sintomas
Na fisioterapia obstétrica ou também conhecida como pélvica, entre as condutas de manejo e preparação para o trabalho de parto estão as técnicas respiratórias e de relaxamento. A respiração adequada deve ser realizada associada à prática de exercícios físicos específicos para gestantes, o que auxilia na ansiedade, alivia sintomas de desconforto e previne dores decorrentes do período gestacional. Além disso, há vários estudos que apontam que promover uma boa consciência respiratória e corporal não só durante o período gestacional, mas também durante o trabalho de parto é fundamental. Para se ter ideia, o relaxamento associado aos exercícios respiratórios alivia o estresse ao diminuir a secreção de hormônio adrenocorticotrófico no mecanismo do estresse em resposta à dor, tanto na fase latente quanto na ativa do trabalho de parto.
O que não fazer
Durante o trabalho de parto evite fazer respirações curtas e ofegantes - estado de ansiedade e fadiga, consequentemente aumenta a dor e prolonga a duração do trabalho de parto
Não desenvolver a consciência da respiração e forçar a manobra de valsalva (prender o ar e aumentar a pressão interna do corpo) durante as contrações - leva à baixa oxigenação sanguínea e não permite o relaxamento da musculatura perineal e sua distensão gradual o que eleva o risco de laceração perineal
Ficar tensa, travar a musculatura e se manter em estado de tensão psicológica e estresse intenso - toda tensão emocional se reflete em seu corpo e vice-versa
Como podemos ajudar a gestante a respirar melhor?
Os exercícios físicos, de relaxamento e respiratórios realizados sob orientação e acompanhamento de profissionais especializados são extremamente importantes na gestação. No trabalho de parto, essas mesmas técnicas possuem um papel essencial para melhorar a oxigenação mãe-bebê, além de diminuir a dor e reduzir o risco de disfunções.
Receber a orientação adequada, se preparar para esse momento pode tornar a experiência da gestação e do parto mais leves - independente se a mulher se submeter a um parto normal ou cesariana. Sempre faça o acompanhamento pré- natal, se informe e procure profissionais de saúde que trabalhem com essa especialização.
Juliana Satake, Fisioterapeuta especializada em Saúde da Mulher pelo Caism - UNICAMP e sócia da Clínica La Posture
Angela May, Fisioterapeuta especializada pela UNIFESP e gestora da especialidade Fisioterapia da Mulher na La Posture